Esquizofrenia

A esquizofrenia é um transtorno mental complexo e crônico, caracterizado por alterações na percepção da realidade, no pensamento, nas emoções e no comportamento. Embora não seja uma condição comum, afeta profundamente a vida dos indivíduos diagnosticados e de suas famílias, demandando tratamento médico e psicológico contínuo.

Gabriel Oliveira

12/10/20243 min read

O que é Esquizofrenia?

A esquizofrenia é classificada como um transtorno psicótico nos manuais diagnósticos, como o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) e a CID-11 (Classificação Internacional de Doenças). A condição compromete o funcionamento mental e social do indivíduo, sendo marcada por sintomas que afetam a forma como ele percebe e interage com o mundo.

A prevalência global da esquizofrenia é estimada em cerca de 1% da população. O transtorno pode surgir em qualquer fase da vida, mas é mais frequentemente diagnosticado entre o final da adolescência e o início da idade adulta.

Causas da Esquizofrenia

Embora as causas exatas da esquizofrenia não sejam completamente conhecidas, diversos fatores contribuem para seu desenvolvimento:

  • Genéticos: Há forte evidência de que a esquizofrenia possui um componente hereditário. Indivíduos com familiares de primeiro grau diagnosticados têm maior risco.

  • Biológicos: Alterações na química cerebral, especialmente nos níveis de dopamina e glutamato, estão associadas ao transtorno. Além disso, diferenças estruturais no cérebro, como a redução de massa cinzenta, são frequentemente observadas.

  • Ambientais: Fatores como infecções no período gestacional, complicações no parto, uso de substâncias psicoativas (como maconha) e eventos traumáticos podem aumentar a vulnerabilidade.

  • Psicológicos e sociais: Estresse intenso, relações interpessoais conflituosas e ambientes desestruturados podem desencadear ou agravar os sintomas em pessoas predispostas.

Sintomas da Esquizofrenia

Os sintomas da esquizofrenia são divididos em três categorias principais:

1. Sintomas Positivos (excesso de funções normais)

  • Delírios: Crenças falsas que não correspondem à realidade, como ideias de perseguição, grandeza ou controle externo.

  • Alucinações: Experiências sensoriais sem estímulos externos, frequentemente auditivas (como ouvir vozes), mas podem envolver outros sentidos.

  • Pensamento Desorganizado: Dificuldade em organizar ideias, discurso incoerente ou salto de um tópico para outro sem conexão lógica.

  • Comportamento Desorganizado ou Catatônico: Movimentos imprevisíveis, agitação ou rigidez postural.

2. Sintomas Negativos (redução de funções normais)

  • Avolição: Falta de motivação para iniciar ou manter atividades.

  • Alogia: Diminuição na fluência e produtividade do discurso.

  • Anedonia: Incapacidade de sentir prazer em atividades antes apreciadas.

  • Isolamento Social: Distanciamento de relações interpessoais.

  • Afeto Aplanado: Expressão emocional reduzida ou ausente.

3. Sintomas Cognitivos

  • Déficits na memória de trabalho, atenção e habilidades de resolução de problemas.

  • Dificuldade em processar informações e tomar decisões.

  • Problemas na interpretação social e comunicação.

Tratamento da Esquizofrenia

A esquizofrenia é uma condição tratável, embora não haja cura definitiva. O objetivo do tratamento é controlar os sintomas, melhorar a qualidade de vida e reintegrar o indivíduo à sociedade.

1. Tratamento Psiquiátrico

  • Antipsicóticos: Medicamentos que ajudam a controlar sintomas positivos, como alucinações e delírios. Dividem-se em típicos (primeira geração) e atípicos (segunda geração), sendo os últimos preferidos por causarem menos efeitos colaterais. Exemplos incluem risperidona, olanzapina e aripiprazol.

  • Estabilizadores de Humor: Indicados em casos de sintomas afetivos associados.

  • Terapias Combinadas: Ajustes periódicos nos medicamentos são comuns para atender às necessidades individuais.

2. Tratamento Psicológico

  • Psicoterapia Cognitivo-Comportamental (TCC): Auxilia na identificação e manejo de pensamentos distorcidos, promovendo estratégias para lidar com sintomas persistentes.

  • Psicoeducação: Educação do paciente e da família sobre a condição, ajudando a prevenir recaídas e melhorar a adesão ao tratamento.

  • Terapia Ocupacional: Promove habilidades práticas e sociais para aumentar a autonomia e funcionalidade do indivíduo.

3. Intervenções Psicossociais

  • Grupos de Apoio: Facilita o compartilhamento de experiências e o suporte mútuo.

  • Reabilitação Psicossocial: Foco na reintegração ao trabalho, estudo e vida comunitária.

Esquizofrenia sob a Perspectiva Psicológica

Na psicologia, a esquizofrenia é vista não apenas como uma condição médica, mas também como um fenômeno que reflete a interação entre a mente, o ambiente e a experiência subjetiva. Abordagens psicanalíticas, humanistas e sistêmicas procuram compreender como traumas, padrões de vínculo e experiências precoces podem contribuir para o surgimento do transtorno.

A psicologia também destaca a importância de validar o sofrimento do paciente, construir uma aliança terapêutica e oferecer um espaço seguro para expressão emocional, mesmo diante de sintomas desafiadores.